quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Capítulo XXIV

por tito peçanha cabeção

CAPÍTULO XXIV: APOLOGIA DO USO DO CONCEITO "DROGA" NO CONTEXTO DO USO INTENSIVO E EXTENSIVO DE TRIBLIFICADORES EPIROGÊNICOS DE XINOFINATELIGININA (TEX's) PELA POPULACÃO TEXUGOCITOENSE

Versão condensada e simplificada da polêmica introdução da tese de pós-celestial-livre-docência homônima de Leopoldus Vitruvius Koptaedrus (Ilustríssimo Senhor Koptaedrus não admite artigos. Afirma que eles limitam sua infinita sabedoria), Professor Titular Vitalício da Academia Francesa de Filosofia Superior.

Hoje abri o jornal e estarrecido me deparei com a seguinte manchete:
"O TEX pode ser chamado de Droga? Uma droga não deveria dar alucinações ou barato ao invês de simplesmente tirar a vontade de viver com intensidade?"
Essa ridícula incerteza que por esses crepúsculos infames tem atormentado as mentes infinitamente pequenas de uma torrente de seres medíocres é tão absurdamente insignificante que não merece mais do que um diminuto punhado de palavras para ser inequivocamente respondida:
Se pensarmos que a palavra "Droga" é uma herença do conceito grego de Farmakon tão brilhantemente estudado por Jacques Derrida em sua brevíssima mas não por isso menos grandiosa obra "Farmakon, uma introdução", não haveria dúvidas de que os triblificadores epirogênicos de xinofinateliginina são, em todos os sentidos, uma Droga.
A idéia de "alucinação" só pode ser tão limitada quanto a mente primitiva que formulou essa questão. A tangibilidade realidade apriorística não é tão óbvia quanto gostariam os espíritos inferiores. O que é a realidade? O que é a alucinação?
O que interessa aos sublimes campos onde brotam as grandes e finas idéias não é uma questão semântica e vazia, tão pura quanto pobre, de como posicionar num já insuficiente e impreciso sistema classificatório os hábitos de Texugo City, mas um problema tão profundo e complexo quanto a própria condição humana: por que a população texugocitoense não consegue se manter sóbria?
Nunca com o prazer de quem busca a verdade me disporia a discutir se os triblificadores epirogênicos de xinofinateliginina são uma droga, um placebo ou um remédio mas um leve estremecimento de dúvida e sede de saber me percorreria se me interrogassem por que aqueles bravos homens de Texugo City que enfrentam com admirável heroísmo as maiores mazelas que nossa civilização já presenciou se renderam com tanta facilidade aos efeitos duvidosos de um comprimido feito à base do amianto de revestimento acústico?
Por que, ó nosso grande Aristóteles? Por que Descartes, Plotino e Kierkegaard?
Por que em Texugo City vimos um novo e bizarro alvorecer de um monetarismo burlesco, de um tabagismo grotesco e de uma pornografia degradante?
Por que num momento tão singularmente libertário aquelas mentes não foram capazes de se apegar senão às formas mais baixas e imperfeitas do dinheiro, do vício e da promiscuidade?
Ao invés de dispender nossa preciosa energia discutindo como enquadrar um evento excepcional no nosso generosamente imperfeito sistema de pensamento não deveríamos nos empenhar em mergulharmos nas riquíssimas peculiaridades desse momento para repensarmos nossos conceitos?
Triblificadores epirogênicos de xinofinateliginina são uma droga. O que é droga?

2 comentários:

  1. meu, se liga brow, não deu para sacar metade das coisa que você escreveu ai, mano.

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  2. gostei. o seu gerador de lêro-lêro continua em forma.

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