segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Capítulo XVIII

Por tito peçanha leitão, o ultimo cigarro de texugo city

CAPÍTULO XVIII: HAVE A CIGAR

23 de agosto de 2013

Sete horas da manhã. Sentado na privada de um banheiro fétido no trigésimo segundo andar da torre joelma plaza o jovem músico independente David Magalhães observava tranquilamente, atravéz de uma enorme rachadura na parede, um grupo de senhoras decreptas plantar algumas batatas ao lado do que fora há décadas uma prisão de segurança máxima no centro da cidade do texugo. e fumava, fumava com um prazer indescritível.
David sabia que se Murilo Morisson, um dos 14 rebeldes que dormiam com ele no que fora uma sala de espera de um psicanalista conceituado, descobrisse que ele havia fumado seus 3 últimos cigarros provavelmente seria espancado.
- para ser otimista
Nosso herói os havia furtado da latinha de altoids onde o colega os guardava enquanto esse dormia e aproveitava seu turno de vigia na estação do metrô "Cintilante Dente Canino do Texugo" para fumá-los às escondidas.
O que nosso pequeno companheiro não sabia é que fumava naquele momento o que seria o último cigarro de texugo city - e possivelmente o último cigarro num raio de 100 kilômetros.

Murilo Morisson era membro fundador da Juventude Maconheira (JUMA) e mentor do audacioso plano de manter uma plantação de maconha nos jardins de Texugo City. Conseguira apenas 10 metros quadrados para tal, pois Gilmar Vinagre havia concedido 788 metros quadrados ao "projeto horta da saúde", da Casa do Pão de Queijo, grupo de interesse das velhas liderado por Vilma Vinagre, mãe de Gilmar.
Murilo largara a escola no segundo colegial para abrir uma loja de panetones visconti no metrô Cintilante Dente do Texugo. Ganhava US$ 900,000 por mês vendendo panetones de maconha a clientes, por assim dizer, especiais.
Desde o início do Processi já faturara 3,628,991 cigarros. Fumara 831 e reinvestira os demais na produção. perdera quase tudo com a crise energética. Seus últimos panetones de maconha seriam roubados. Trocaria seus últimos 188 panetones "tradicionais" por uma lata de altoids com 10 cigarros e se inscreveria como guarda do metrô.
Se controlando como uma elefanta grávida com catapora descendo vagarosamente por uma longa escada de corda cheia de musgo em direção a uma lagoa num calor de 45 graus, Murilo consegue passar o dia 22 de agosto com apenas 7 cigarros.
no dia seguinte, enquanto descia pelas escadas de incêndio os 32 andares do edifício joelma plaza que o separavam da entrada do metrô nosso querido tabagista acariciava obsessivamente a caixinha de metal onde guardava os preciosos compridinhos. Murilo suava. a lata quente, molhada em suas mãos.
- quando chegar lá embaixo
chegou. abriu a latinha.
vazio.
Murilo não teve forças sequer para gritar. sentou-se lentamente como apenas um velho se sentaria. apoiou a cabeça pesada sobre os joelhos e chorou. chorou talvez porque não lhe ocorreu amaldiçoar. seria desespero se não fosse melancólico, seria melancolia se não fosse desesperado. era nada, vazio.
infeliz, talvez. triste apenas como mãos vazias.

32 andares acima David encostaria suavemente a cabeça na parede, deixa o filtro cigarro cair no chão. quase chorava, solitário, a ausência de seu violão.

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